Fonte http://www.maniamoto.com/entenda-os-motores-2-tempos/
Motores 2 tempos
Motores 2 Tempos vs 4 Tempos, todo motociclista que se preze tem sua preferencia, discussões passionais, afinal qual a diferença entre 2 tempos e 4 tempos ?
Os motores a combustão trabalham divididos em 4 fases (ou ciclos), e essas fases são: Admissão, Compressão, Combustão e Escape.
A grande diferença entre os motores 2 tempos e 4 tempos está no momento da execução dessas fases, ao qual o motor de 2 tempos executa as 4 fases em um único giro do virabrequim, já o 4 tempos executa a mesma tarefa em dois giros do virabrequim. Apesar de parecer algo simples, é ai que nasce a magia dos dois tipos de motores, o torque fabuloso do motor 4 tempos e a potência invejável do motor 2 tempos.
Quando se fala na arquitetura do motor, a parte mais interessante dos 2 tempos está na sua simplicidade, esse tipo de motor dispensa a complexidade do seu “irmão” e deixa de lado as válvulas, comando de válvula, molas, cabeçote.
E com isso ele leva muita vantagem quando sobe na balança, seu peso é bem menor, e no quesito custo de manutenção e construção também. Ele é composto de: Bloco do motor, pistão, câmara de combustão, Janelas de transferência, Canal de transferência, Palheta, Vela e escapamento.
Alguns motores possuem mais peças, mas vamos nos limitar a descrever o básico de funcionamento para facilitar o entendimento.
Pelo fato do motor ter uma combustão a cada volta, isso gera uma potência maior e facilidade em atingir giros mais altos, pois, toda vez que o pistão sobe ele é novamente empurrado para baixo.
Em contrapartida, ajustar o tempo entre admissão e escape do sistema é mais complicado, pois, o próprio movimento do pistão que controla a entrada e saída do ar-combustível, ou seja, o controle dessa vazão dentro do cilindro não tem a eficiência do comando de válvula fazendo assim o motor perder boa parte do torque principalmente em baixas rotações.
É por esse motivo que em um motor 2 tempos o escapamento é fundamental no funcionamento do motor e ao colocar um escapamento esportivo que geralmente é mais aberto, ele perderá a eficiência de retorno dessa pressão contraria, fazendo assim a moto perder torque em baixa rotação, mas aumentando a potência pois facilita a vazão dos gases queimados.
Lubrificação
A lubrificação do motor é feita pelo óleo lubrificante exclusivo para esse tipo de motor, esse óleo é misturado junto à mistura de ar-combustível e ao entrar no cilindro já faz a lubrificação e parte dele é consumido na combustão e eliminado pelo escape.
É um tipo de óleo diferente do óleo 4 tempos, pois, ele não pode atrapalhar a combustão, portanto, ele é mais uma espécie de combustível com propriedades de lubrificação.
Existe um parâmetro de proporção entre ar, combustível e óleo dois tempos para que o motor funcione corretamente e essa proporção é dinâmica de acordo com a rotação do motor, ou seja, a lubrificação do motor varia de acordo com o aumento ou redução do RPM.
Como essa proporção gerava inúmeras dificuldades para os donos dessas motos, algumas empresas criaram um sistema que de lubrificação automática (Autolube), onde o próprio sistema se encarrega de fazer a pré-mistura de acordo com a rotação do motor, ficando a cargo apenas completar o reservatório de óleo dois tempos e não mais precisando fazer a mistura no tanque como em alguns modelos de motos mais antigos.
Lembrando também que a vantagem dessa forma de lubrificação é que o motor está sempre sendo lubrificado com óleo novo.
Pilotagem
Vamos falar da pilotagem , o freio motor é praticamente nulo, ele existe, mas aparece de forma bem sutil, você pode soltar o acelerador e não percebe aquela redução de velocidade como no 4 tempos e isso é de fato uma característica da arquitetura e é devido a alguns fatores como baixa taxa de compressão, quantidade de combustível na desaceleração, compressão dinâmica, fato de ter combustão em todos os giros, tudo isso “facilita” o motor girar e com isso a resistência que ele faz é muito fraca.
Esse fator já muda muito a dinâmica da pilotagem desses modelos, pois, altera a frenagem da moto geralmente se traduzindo em freadas mais longas pois não tem auxilio do freio motor.
Outro aspecto também é a forma que o motor entrega o torque e a potência, esse motor geralmente possui pouco torque disponível em baixa rotação, sendo assim, para ter um bom desempenho as rotações do motor deve estar sempre de média para alta rotação.
As vezes sair com uma moto 2 tempos em um semáforo você já percebe que precisa até queimar a embreagem para conseguir sair de maneira satisfatória.
Mas com isso, aqueles pilotos que adoram acelerar acabam gostando desse aspecto e facilmente mantém o giro lá em cima e consegue extrair um desempenho muito bom, claro que com isso, o apetite do motor aumenta.
Entrega de Potência
Outro ponto é a entrega de potência do motor, geralmente de forma brusca e sem muito aviso, você está acelerando a moto e após um determinado giro vem aquele surto de potência (que normalmente é entregue em altos giros), quem não está acostumado acaba se assustando um pouco, mas após um tempo é pura diversão sentir o corpo empurrado para trás de uma hora para outra.
Após entender alguns aspectos de pilotagem dos motores dois tempos, é possível entender como era difícil dirigir os mísseis da era das 500 no Campeonato Mundial de Moto Velocidade.
Em um tempo onde a eletrônica era infinitamente mais limitada do que hoje, imaginar os pilotos a bordo de motos que beiravam 200 cavalos de potência e tinham uma entrega de potência brutal e tinham que controlar tudo isso no punho direito, temos realmente que aceitar que os caras eram lendas e Ets como nós chamamos.
As motos mais conhecidas que disputavam o mundial na era 2 tempos foram: Honda NSR 500, Yamaha YZF 500, Suzuki RGV 500, Cagiva GP 500 entre outras bestas feras.
Nas motos de serie uma lenda das motos 2 tempos sem duvida foi a Cagiva 125, moto que Valentino Rossi iniciou sua carreira em 1994 no Campionato Italiano Sport Production, ultima remanescente das esportivas 2 tempos, a marca Cagiva e fabricada nos dias atuais pela MV Agusta mas ainda oferece o modelo, no Brasil a esportiva que fez historia no mundo das dois tempos foi a Yamaha RD 350R.
Hoje em dia os motores 2 tempos foram extintos do Mundial de Motovelocidade, a própria Moto3 já não utiliza mais esse tipo de motor, mas ainda assim, ele é muito empregado na categoria off-road e também na indústria náutica.
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